segunda-feira, 21 de abril de 2014


Surdocegueira e Deficiência Múltipla: Suas características e diferenças.

    No decorrer deste texto será exposto um pouco sobre duas deficiências que trás muitas preocupações, desafios e bastante ansiedade quando discutida nos diversos ambientes terapêuticos e educacionais, envolvendo profissionais de diferentes áreas, tendo destaque nas áreas da educação e da saúde, pois o processo de inclusão desses indivíduos dentro do ambiente escolar se faz de forma bem difícil, os profissionais envolvidos neste processo na escola, não estão preparados ou não tem conhecimentos suficientes para trabalharem com este público alvo.
     A surdocegueira e a deficiência múltipla requerem dos profissionais envolvidos no processo de aprendizagem dos alunos com estas deficiências muito empenho e dedicação para buscar conhecimento além do lápis, papel, computador e recursos referentes à Tecnologia Assistiva para que ocorra um aprendizado pelo aluno com uma destas deficiências, são necessários muitos investimentos na sua comunicação, na troca com as outras pessoas, com o meio e até na interpretação dos seus próprios desejos e vontades, na organização da sua rotina no dia a dia, nas suas interações com os amigos de sala e o professor referência, buscando representações com objetos para significar cada individuo, utilizando-se de objetos que possa facilitar o reconhecimento de diferentes ambientes, propostas de atividades, pessoas e organização da sua rotina.
   A Surdocegueira diferencia da deficiência múltipla por se tratar de uma deficiência única, o individuo apresenta perdas auditivas e visuais consideráveis e em diferentes graus, causando dificuldades e prejuízos no seu processo de aprendizagem, dependendo do grau da perda que pode ser parcial ou total tanto auditiva como visual, o professor deverá buscar de estratégias diferenciadas para encontrar o canal de recepção pelo qual o aluno lhe dará melhores respostas no seu processo de aprendizagem, sendo importante desenvolver atividades no qual o aluno experimente outros canais sensoriais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular, buscando assim formas diferenciadas de trabalhar com o aluno e ao mesmo tempo avaliar suas respostas perante as atividades e quais os canais sensoriais que ele mais interage e como ele responde aos estímulos.
   Importante para se iniciar um trabalho com uma pessoa surdocega é saber se sua surdocegueira é congênita ou adquirida, pois dependendo da resposta, o profissional pensará na melhor estratégia para aquela pessoa, quando a criança já nasce com a surdocegueira sua aquisição de língua será através da Língua Portuguesa ou Libras, já nos casos da perda depois de certo tempo a pessoa precisa ter contato com diferentes tipos de acesso á comunicação e assim descobrir, em qual destas formas de comunicação, ela mais se beneficiará.
Já a Deficiência Múltipla se caracteriza pela associação de duas ou a mais deficiência, no mesmo individuo “de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social, não é a soma dessas deficiências que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimentos, suas possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas”. (MEC -2006).
   São várias as causas que podem causar a deficiência múltipla em um individuo tais como: Pré-natais: Microcefalia, citomegalovírus, herpes, sífilis, entre outras, Peri-natais: Prematuridade falta de oxigênio, medicação ototóxica, icterícia e as Pós-natais: acidentes, sarampo, meningite, aparecimento de síndromes e outras, com diferentes comprometimentos, pois cada indivíduo pode ter perdas motoras, sensoriais, intelectuais, comportamentais em diferentes escalas.
   Suas necessidades maiores são sensoriais, motoras, cognitivas e emocionais, pois “são indivíduos com limitações acentuadas no domínio cognitivo, que requerem apoio permanente e que tem associado limitações no domínio motor, ou no domínio sensorial (visão ou audição). Podem ainda apresentar necessidade de cuidados de saúde especiais.” (ORELOVE E SOBSEY, 1996:1). 

   Ainda apresentam necessidades emocionais de afeto, atenção, interação com o outro, relacionamento e necessidades educativas, pois eles têm limitações no aceso ao ambiente, dificuldades em dirigir atenção para estímulos relevantes, de interpretar as informações e de generalizar o que lhe é transmitido, porém a sua maior necessidade estar centrada na forma como este individuo se comunicará com as outras pessoas e vice-versa.
   As estratégias utilizadas para a aquisição da comunicação neste público alvo são variadas, pois cada individuo utiliza fonte e formas diferentes para estabelecer a sua comunicação com o outro e de recebê-la, dependerá muito do grau de perdas e de comprometimento que cada individuo apresente, porém a comunicação está dividida em Receptiva quando o individuo recebe e processa a informação dada por meio de uma pessoa, televisão, objetos, fotos e outras variedades de fontes ou forma e a Expressiva quando o individuo necessita de um comunicador para passar as suas informações para outras pessoas, sendo realizada por diferentes meios como: objetos, expressões naturais diversas, pronuncia de sons, figuras e outra variações.
Referências: ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila In mimeo. Tradução Acess. Revisão: Shirley R. Maia – 2013.

SERPA, Ximena Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas, INSOR-Colômbia 2002.
    BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010). Capítulo 1 - A pessoa com Surdocegueira. Capítulo 2 - A pessoa com Deficiência Múltipla. Capítulo 3 - Necessidades Específicas das Pessoas com Surdocegueira e com Deficiência Múltipla.